Ruínas arqueológicas reabrem estudos sobre reinados de Davi e Salomão

26/05/2014 13:45

 

Descoberta consiste em três caixas de pedra bem talhadas, e de até 20 centímetros de altura, usadas para conservar objetos de culto divino.

Arqueólogos israelenses encontraram várias peças de culto em uma jazida perto da cidade de Beit Shemesh, a cerca de 35 quilômetros de Jerusalém, que permitirão interpretar a descrição que a Bíblia faz dos reinados de Davi e Salomão.

A descoberta, exposta nesta semana pelo professor Yosef Garfinkel, da Universidade Hebraica de Jerusalém, e por Saar Ganor, da Direção Israelense de Antiguidades, consiste em três caixas de pedra bem talhadas, e de até 20 centímetros de altura, usadas para conservar objetos de culto divino.

"Seu meticuloso desenho responde a descrições feitas na Bíblia do palácio e do templo de Salomão", diz Garfinkel, que está há cinco anos escavando em Khirbet Qeiyafa, também conhecido como Fortaleza Elá, um reduto circular amuralhado de 2,3 hectares e em uma localização estratégica entre as cidades filisteias e Jerusalém.

De cor bege rosada, duas das caixas têm uma espécie de pórtico cuja descrição, diz o pesquisador, aparece no primeiro livro de Reis.

Foram achadas em casas da cidade e sua altura é exatamente o dobro da largura - como em prédios achados em Jerusalém -, o que provam a conexão entre a que Garfinkel acredita que era a cidade bíblica de Shearaim e a Jerusalém de Davi e Salomão.

"Shearaim, que estava aqui no vale de Elá, significa 'Duas portas'. Esta cidade é a única da época do Primeiro Templo com duas portas, as demais tinham uma", ressalta.

Para o pesquisador, os últimos achados, e outros anteriores, reforçam a corrente que vê na Bíblia um relato fidedigno do que poderiam ser eventos históricos.

"A exatidão das descrições não nos deixa outra opção e, quem não acredita, deverá também explicar como é possível semelhante similaridade", declarou à Agência Efe.

Mas, ao contrário de outros historiadores de sua mesma universidade, ele o faz com reserva, e acredita que, como qualquer outro texto de sua natureza, a Bíblia contém episódios fidedignos e outros que não o são.

O Antigo Testamento relata com todo luxo de detalhes os reinados de Davi e Salomão no século X a.C., mas até agora não existem provas inapeláveis que confirmem a magnificência presente no ideário e arte judaico-cristã posterior ou sequer sua existência.

Em Jerusalém e arredores, proliferam ruínas do Período do Segundo Templo (séculos VI a.C. a II d.C.), mas do Primeiro (século XI a.C. a 586 a.C.) existem pouquíssimos vestígios e a maioria continua sujeita a um intenso debate acadêmico e político.

Um deles é uma muralha de 70 metros com um monumental torreão e uma torre de vigilância desenterrados junto às muralhas da Cidade Antiga de Jerusalém, apresentada há dois anos como possível obra do rei Salomão.

Fonte: O Estadão