A Lenda do Pelicano

10/05/2012 10:24

Pelicano: s.m. (Do grego pelekan, pelekanos; pelo latim pelecanus) Denominação comum a várias espécies de aves aquáticas do gênero Pelicanus.

O simbolismo do pelicano assenta-se sobre uma lenda que tem a sua origem na Idade Média, que afirma que o pelicano, quando não encontra alimento para sustentar sua prole, rasga seu próprio ventre para alimentá-la com seu sangue.

O Pelicano é uma ave de grande porte que vive nas regiões aquáticas em todos os continentes, possui bico avantajado e tem, no bico inferior uma bolsa extensível e membranosa (bolsa gular), onde armazena os peixes pescados. As fêmeas alimentam os filhotes despejando as reservas acumuladas. Para esvaziá-la, comprime o peito com o bico, fato este, que deu origem a essa antiga lenda, onde o pelicano abre o próprio peito para dele extrair sua carne a fim de alimentar os filhotes , quando não encontra alimento.

Simboliza portanto, o amor com desprendimento e muitos veem nele o mais lindo símbolo do amor materno.O pelicano é também o símbolo alado da dedicação e das obrigações sociais. É a mente provida de asas, para que possa pairar sobre o mundo, desprendendo-se da matéria e contemplar sob o prisma da Verdade, toda a obra da Maçonaria.

No simbolismo católico, o pelicano, derramando seu sangue por seus filhos; é o emblema do Salvador – Jesus Cristo – dando seu sangue para a salvação da humanidade ou alimentando o homem na eucaristia. Também é o símbolo da Redenção.

A Ordem dos Cavaleiros Templários vê no Pelicano o símbolo do Grande Arquiteto do Universo, alimentando seu Cosmos com sua própria substância.

O símbolo do pelicano pertence também ao domínio da vida cotidiana, que não é, contudo, menos comovedor, sobretudo para aqueles a quem as circunstâncias e as responsabilidades impõem uma escolha, pondo em jogo interesses vitais e mesmo a existência. Escolha muitas vezes difícil, diante da qual o profano recua, mas não o Maçom, que não hesita, sacrificando-se à sua família, ao seu país, à humanidade inteira. Sacrificar o egoísmo, os interesses às vezes legítimos, a sua própria vida se preciso for, e a mais forte razão, seu orgulho e suas ambições, a fim de colocar em seu lugar, o altruísmo e a caridade. Tal como o pelicano, o Maçom alimenta simbolicamente os fracos com suas próprias entranhas, perecendo para permitir aos outros viver.

Às vezes é preciso que a célula pereça para que o organismo perdure, é preciso ao indivíduo morrer e renascer para que a humanidade continue. Essa é a lição simbólica que se aprende na lenda do pelicano, mostrando ao maçom a conduta que deve ter a todo instante. O pelicano é o emblema mais significativo da caridade. É também o símbolo da morte e do renascimento perpétuo da natureza. Num contexto um tanto Druida: “ é a terra que nutre os seus filhos, é a mãe que cumpre os seus sagrados deveres, é a caridade para com nossos irmãos.”

Nenhum outro símbolo podia melhor expressar o que se pretende. Só o símbolo da abnegação da ave que se sacrifica a si mesma para alimentar a sua prole, pode representar aquele que se priva de seus haveres em benefício dos pobres.

O pelicano é o símbolo do próprio sacrifício, que indica que na medida em que damos, desenvolvemos o nosso caráter e a nossa personalidade, a medida que os anos passam o próprio sacrifício se reflete em boas ações que perduram além da nossa vida e são reflexos do sacrifício que fizemos.

O Mestre deve fazer-se amar, e não poderá ter êxito a não ser amando ele mesmo com uma generosidade que o leve até a dedicação absoluta, até o sacrifício de si mesmo.

Deste ponto de vista, o pelicano é o emblema dessa caridade, sem a qual, na Iniciação, tudo será irremediavelmente vão. Os dons mais brilhantes da inteligência e da vontade não farão outra coisa do adepto que não tenha cultivado as qualidades do coração, a não ser um falso mago. A lenda do pelicano, que de certa forma comove pela sua extrema generosidade, encontra-se no cerne dos princípios da Maçonaria: o total sacrifício do ego em favor do próximo.

Os ensinamentos exigem que o Maçom que se encaminha na senda da perfeição, deve desprender-se de todos os sentimentos negativos do egoísmo, orgulho e ambição negativa, transformando-os alquimicamente em sentimentos de altruísmo, humildade e abnegação. É preciso que o verdadeiro maçom, através do sacrifício do seu próprio eu, chegue ao conhecimento do amor. Cumprirá assim sua finalidade de iniciado e atingirá por esse meio a meta almejada: a completa superação de sua personalidade humana para alcançar sua própria Redenção Crística, e se tornará um verdadeiro Mestre! É justamente dessa forma que o Maçom consegue a transmutação alquímica do que era inferior, do fogo em luz, do humano em Divino. É assim que terá encontrado a Pedra Filosofal e realizado a Grande Obra, a transmutação total do chumbo em ouro, do homem em Deus.

Nota: Extraído do site Oriente de Santos