As Peneiras de Hiram

06/05/2012 10:55

Meia-noite em ponto! Mais uma jornada na construção do Templo terminara. Cansado por mais um dia, Mestre Hiram recostou-se sob o frescor do Ébano para o tão merecido descanso. Eis que, subindo em sua direção, aproxima-se seu Mestre Construtor predileto, que lhe diz: 

– Mestre Hiram… Vou lhe contar o que disseram do segundo Mestre Construtor… 

Hiram com sua infinita sabedoria responde: 

– Calma, meu Mestre predileto; antes de me contares algo que possa ter relevância, já fizeste passar a informação pelas “Três Peneiras da Sabedoria? 

– Peneiras da Sabedoria? Não me foram mostradas, respondeu o predileto! 

– Sim… Meu Mestre! Só não te ensinei, porque não era chegado o momento; porém, escuta-me com atenção: tudo quanto te disserem de outrem, passe antes pelas peneiras da sabedoria e na primeira, que é a da VERDADE, eu te pergunto: tens certeza de que o que te contaram é realmente a verdade? 

Meio sem jeito, o Mestre respondeu: 

– Bom, não tenho certeza realmente, só sei que me contaram… 

Hiram continua: 

– Então, se não tens certeza, a informação vazou pelos furos da primeira peneira e repousa na segunda, que é a peneira da BONDADE. E eu te pergunto: é alguma coisa que gostarias que dissessem de ti? 

– De maneira alguma Mestre Hiram… Claro que não! 

– Então a tua estória acaba de passar pelos furos da segunda peneira e caiu nas cruzetas da terceira e última; e te faço a derradeira pergunta: achas mesmo necessário passar adiante essa estória sobre teu Irmão e Companheiro? 

– Realmente Mestre Hiram, pensando com a luz da razão, não há necessidade… 

– Então ela acaba de vazar os furos da terceira peneira, perdendo-se na imensa terra. Não sobrou nada para contar. 

– Entendi poderoso Mestre Hiram. Doravante somente boas palavras terão caminho em minha boca. 

– És agora um Mestre completo. Volta a teu povo e constrói teus Templos, pois terminaste teu aprendizado. Porém, lembra-te sempre: as abelhas, construtoras do Grande Arquiteto do Universo, nas imundícies dos charcos, buscam apenas flores para suas laboriosas obras, enquanto as nojentas moscas buscam em corpos sadios as chagas e feridas para se manterem vivas.